30/09/2010

Dia Internacional da Tradução

O que é que devem estar a pensar os tradutores/as neste dia? Sem medo de errar, acho que a maioria de nós deve estar a reflectir sobre o mesmo: o escasso reconhecimento e a invisibilidade da nossa lavor, as míseras tarifas que sofremos, os prazos de tempo impossíveis com os que trabalhamos ... Os agravos são inúmeros: eram muitos e a crise precarizou-nos ainda mais. Neste momento, mais que outra coisa, traduzir é uma vocação. Senão, como suportar as incertezas de uma ocupação mal paga e mal considerada?

Sem dúvida, o tradutor/a procura mais alguma coisa no seu trabalho, precisa de se exprimir, de 'reescrever' o texto que chega às suas mãos. Traduzir é, como diz Claudio Magris, una maneira de escrever: Naquela ocasião começou para mim alguma coisa nova: traduzir converteu-se propriamente numa maneira de escrever. Foi como se houvesse entrado numa dimensão que tenia a ver com a minha sintaxe, com a minha forma de ser. (in La traduzione d'autore, Pisa University Press, 2007).

01/09/2010

O rio de Heráclito o Obscuro e eu



Ainda que gosto imenso do Atlântico que banha as costas portuguesas, não posso deixar passar muito tempo sem visitar o Mediterrâneo, o mar por onde navega a minha alma. O ano passado começava este blog depois de voltar de mais uma viagem pelo Mare Nostrum. Este ano não foi diferente...

Desta vez, porém, em lugar de sentir a plenitude mediterrânica que vivo em cada uma destas minhas 'incursões', a visita a Éfeso (e as minhas curtas férias) me levaram a pensar em um dos seus filhos mais conhecidos: Heráclito. E com ele, esse rio que nunca mais vai ser o mesmo... Esse 'tudo flui, nada permanece' que me custa tanto aceitar.

Me diga alguém como suportar a vertigem que produz esse tempo que foge!