20/01/2010

Apetece dizer uma palavra


Sempre pensei que na vida real literatura e política casam mal: uma reclama sinceridade e a outra impostura, uma precisa de solidão e a outra de banhos de multidões. Chama-me a atenção por isso que num momento tão complicado para as ideologias e tão pouco propício para idealismos, Manuel Alegre volte a  ser candidato às presidenciais. Não consigo compreender como ainda não tem ficado desiludido com esse jogo de fingimentos e interesses. Se é assim, é de admirar.  No seu site diz que não acredita sequer na literatura... E pode acreditar na política? Apetezia-me ouvir os seus porquês.

04/01/2010

Mais um ano


Nestes primeiros dias do ano apanhou-me a saudade enquanto andava a fazer a minha lista de boas resoluções. É o segundo Natal sem o meu pai e as coisas não são como eram dantes (e provavelmente nunca mais vão ser...). Nesse estado de espírito não pude evitar pensar na sociedade que nos trouxe o século XXI: muito de bom, claro, mas também um monte de ideias, de atitudes e de práticas negativas que, essas sim, talvez vão ficar muito tempo.

Parece que os valores deixaram de ter importância, venceu a banalização. Também não importam o conhecimento e a experiência, prefere-se a imagem e o marketing. O trabalho bem feito é uma excepção, e não a regra. A criatividade já viveu momentos melhores: agora é só reciclá-los e reutilizá-los. Para não falar em coisas ainda mais importantes: da indiferença para com a dor alheia, por exemplo. Mudamos de século mais não nos fizemos mais humanos. Ao contrário, a barbárie está a volver com mais força em alguns momentos. Tristemente poderia continuar e não diria nada que vocês não saibam, mas vamos ficar por aqui e tentar encarar o próximo ano com esperança.

Espero que as boas resoluções das boas pessoas voltem a incluir tudo aquilo que nos faz melhores, mais sábios e mais autênticos. Feliz 2010!