Ao voltar das férias tomei conhecimento, com grande sobressalto, da morte dum dos mais importantes tradutores de português:
Mario Merlino. Ainda que não o conhecesse pessoalmente, sentia uma grande simpatia por ele. Tradutor de Lobo Antunes, Eça de Queirós, Clarice Lispector, Jorge Amado, etc, o seu trabalho com as palavras e a sua labor em pró do
reconhecimento do tradutor não podiam ser alheios a ninguém minimamente comprometido nesta profissão. Além dessa afinidade, compartilhei com o Mario a vivência simultânea de traduzir tres livros de
Alice Vieira: ele para o espanhol e eu para o catalão. Saber que os dois estávamos a enfrentar o repto de re-criar os mesmos textos intraduzíveis literalmente irmanou-me com ele. Foram dias em que andamos à procura de rimas e jogos de palavras nas nossas línguas respectivas. Foram dias divertidos. Tinha só sessenta e um anos; a sua morte foi duplamente injusta.
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