Por enquanto sigo na mesma: vencer bloqueios e procrastinações. E digo isto aqui, publicamente, para ter um compromisso real para dominá-los. Se não conseguir, reclamem por favor.
Para superar tamanho desafio, entre outras coisas, leio vozes amigas, companheiras da mesma fadiga. Poucos autores tem mostrado tão bem como Eugénio de Andrade o medo, a tensão, a luta diante da folha (leiase o ecrã) em branco:
Essa folha aí. Tão branca que nem a neve é assim fria. Aproximo os dedos numa espécie de carícia, tentando atenuar, diluir tanta hostilidade, mas logo recuam tocados pelo medo. É tão difícil. Porque essa brancura queima, arde silenciosa num fogo que ninguém vê. [...] De súbito, os dedos distendem-se, saltam; no seu movimento de falcão já não acariciam, antes rasgam, dilaceram, prosseguem sem largar a presa uma luta onde não há tréguas, vão deixando na neve sinais da sua presença, ora triunfante ora aflita, por vezes quase morta.
É mesmo assim.
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